Vou resumir muito rapidamente, se é que eu consigo, qual era o meu problema.
Problemas com compulsão, já passei por várias fases na minha vida.
A primeira por comida, operei o estomago e de brinde veio a pôr bebida e com isso eu já tinha, não importa a causa ou origem, hereditária ou não, agora tanto faz, uma doença incurável, progressiva e de terminação fatal e que ainda por cima mata desmoralizando.
Ótimo, numa boa aprendi a conviver com ela, estávamos nos dando super bem, há muito tempo que eu não bebo e venho me tratando com médicos, terapeutas, psicólogos e psiquiatras, procuro muito não me isolar, estar sempre perto de quem me quer bem e quer meu bem, me cerco de todos os lados para não deixar ir por terra o que eu estou construindo de grão em grão.
Ainda por cima, tive o privilégio de ser agraciada com uma família super generosa e compreensiva que vem me proporcionando isso, um tratamento especializado e o conforto de ter a quem recorrer e contar.
Para todos os demais efeitos colaterais e também para não me prolongar muito, leiam as crônicas anteriores.
Esse era um problema, que já está sendo devidamente tratado.
Daí quando eu estava retomando minha vida, destranquei a faculdade, decidi minha carreira e meu futuro veio a porrada.
Eu não conseguia mais andar.
Andar, andar mesmo, aquela coisa que você aprende com um ou dois anos e nem lembra.
Segunda vez na minha vida que acontece isso, segunda nada, terceira.
Minha mãe vai saber a ordem melhor que eu, mas quando eu fui atropelada eu me lembro de ter que aprender a andar de novo no corredor do hospital, eu não conseguia levantar da cama direito e eles me levavam para “passear”, eu era muito nova.
Outra que eu me lembro foi quando eu tive uma virose, que segundo os médicos, o vírus da rubéola se alojou no cerebelo e eu fiquei sem nenhuma coordenação motora
A parte boa, que eu lembro, é que foi na época das olimpíadas do meu colégio e eu odiava aquilo, eu era muito gorda e não sabia jogar nada, nunca era da equipe vermelha que era a mais forte e sempre ganhava, sempre caía na amarela que era a do tipo café-com-leite.
Pela terceira vez eu não conseguia mais andar e fui a um médico. Um médico particular, meu plano não cobria, bem conceituado, eu estudei o curriculum dele na internet antes de pagar a consulta, o cara era ”O Cara”, era não é, não morreu, ele pediu um monte de exames e eu fiz toda-toda, me sentindo a tal e quando vieram os resultados foi que a “casa caiu”.
Agora eu tenho uma tal de uma doença desmielinizante nos nervos, que no laudo esta entre parenteses assim: esclerose múltipla.
A revolta bateu e a ignorância junto, coloquei na cabeça que era aquela coisa de velhinho gagá, fim da vida. Ó céus, ó azar. Como podia eu sóbria e limpa ter isso? O que era isso afinal?
Há pouquíssimo tempo eu tive um problema seríssimo de reações adversas à um medicamento. Sabe quando você cai naquelas letras minúsculas da bula e sente tudo???
Foi aí que tudo começou, daí em diante eu parei de andar e eu sentia muita dor.
O tal médico me pediu um exame que só uma clínica realiza no Rio de Janeiro e adivinha? Meu plano não cobre, se a consulta já é cara o exame pagaria, miseravelmente, nove consultas, para me dizer a mesma coisa: Sou definitivamente esclerosada.
Eu achava injustíssimo ele não me dar um remédio sequer para dor, que médico era esse???
Ele vira na minha cara, diz que eu sou esclerosada, me cobra uma fortuna, não me receita um remédio e ainda por cima me manda fazer RPG e Hidroterapia, foi a única coisa que ele fez além de me fazer chorar a consulta toda.
Na hora eu não quis pensar, não quis responder, não queria nada, eu queria sair dali ou dar uma bengalada na cabeça dele. Coitada da minha mãe que acompanha, sempre sobra para ela, antes, durante e depois.
Esse foi o outro problema e eu tinha que separar um do outro, eu não podia acumular funções.
Lembra quando eu falei que eu não gostava das olimpíadas? Eu sempre gostei de ler.
Afinal o que é isso? O que significa ser assim?
Eu cansei de ficar parada me queixando, me lamentando, me sentindo a última bolacha do pacote e resolvi estudar, de uma forma racional e lógica o meu problema.
Deixei a emoção e a revolta de lado, fui a fundo no meu objetivo que era achar uma das possíveis soluções, sim por que haveria de ter alguma.
Tem um provérbio chinês que diz: “Se você tem um problema, não esquente a cabeça por que tem solução. Se não tem solução, não esquente a cabeça porque você não tem um problema”, é algo assim.
Eu ainda não acabei, mas estou lendo a “A Arte da Guerra” de Sun Tzu e no capítulo que fala das estratégias diz: “A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater”. Juntou a fome com a vontade de comer.
Esse médico não é o primeiro a me dizer que o meu problema é que eu tomo remédio demais. São todos prescritos pelos meus médicos, mas da mesma forma que já fizeram besteira uma vez podiam estar fazendo de novo e eu fui fazer o básico.
Ler as bulas.
Além de descobrir que eu estava tomando remédio para epilepsia, coisa que eu não tenho, remédios para crises convulsivas, coisa que eu nunca tive, eu descobri que há muito tempo eu estava tomando um que eu vou ter que copiar e colar a parte das contra-indicações, por que é para ninguém dizer que a maluca sou eu:
Contra-indicações de Bupropiona
Não use cloridrato de Bupropiona: − Se você é alérgico a Bupropiona ou qualquer outro componente dos comprimidos. − Se você está tomando outros medicamentos que contenham Bupropiona. − Se você recebeu diagnóstico de epilepsia ou de outros transtornos convulsivos. − Se você tem ou já teve algum distúrbio de alimentação (por exemplo, bulimia ou anorexia). − Se você é um etilista inveterado que parou de beber há pouco tempo, ou se está tentando parar. − Se você parou recentemente de tomar tranquilizantes ou sedativos, ou se irá parar de tomá-los enquanto usa cloridrato de Bupropiona.
Acho que eu não preciso dizer mais nada né?
Eu suspendi essa medicação e marquei uma consulta de emergência, vou dizer que em cinco dias com as medicação certas eu já ando sem bengala, não sinto mais dor e tive o melhor final de semana em família que há muito tempo eu não tinha.
Milagres não existem.
Então façam o básico, ouçam seus médicos, por que quando a gente precisa é Deus no céu e o médico na terra, mas leiam a bula.
Está escrito na caixa do remédio.
Michele Barbosa
23/09/13
Eu acredito que tem muita gente que se lesse a bula, não tomaria o remédio. Eu sempre procuro a bula na internet antes de adquirir. A Bupropiona é um exemplo. Me indicaram esse remédio para perder peso. Mas após ler sobre o remédio nesse site acabei desistindo.
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